a margem, por Sergia A. |
antes de alcançar a altura do espelho, foi na água que se viu refletida. contam que não se conteve. em um salto buscou o abraço na lâmina fria para encontrar sobre a pele as marcas do apressado resgate. não fazia ideia de si. era no outro, ao alcance da mão, que se reconhecia.
cresceu sem água na torneira, ou ducha no banheiro. do olho d'água lhe chegava os goles. da cacimba e das chuvas os banhos. do recolhido nas bicas dos telhados, a alvura dos lençóis. da aurora, o véu sobre o corpo delineando contornos em espelho de cristal.
cresceu sem água na torneira, ou ducha no banheiro. do olho d'água lhe chegava os goles. da cacimba e das chuvas os banhos. do recolhido nas bicas dos telhados, a alvura dos lençóis. da aurora, o véu sobre o corpo delineando contornos em espelho de cristal.