Mais que nunca é preciso cantar
É preciso cantar e alegrar a cidade
[Vinícius de Moraes/Carlos Lyra in Marcha de quarta-feira de cinzas]
O tempo não está para euforias, é certo, mas os dias são de festa e a tristeza me cansa. Ao invés de ficar nos cantos resmungando ando tomando gosto pela arte dos mosaicos. O vaso quebrou? paciência! Vamos juntar e ver o que dá para fazer com os cacos. Partindo deste princípio, o artista plástico Vik Muniz foi além no jogo da percepção visual, com o seu “Lixo Extraordinário” (2010). O documentário mostra o trabalho desenvolvido com catadores de lixo de Duque de Caxias-RJ, e ganhou prêmios no festival de cinema de Berlim (categoria Anistia Internacional) e no Festival de Sundance. Foi no lixão, e com a ajuda de quem dali tira o seu sustento, que ele encontrou matéria prima para produzir algo inusitado, de valor estético e social, revelando todo o poder da criatividade na arte de dar vida nova ao que sobrou.
Desafiada e com o intuito de não me perder em amargura, ainda que com direito a uma taça de espumante, recolho da lama os cacos para compor minha listinha de percepções. Sempre funciona: