domingo, 27 de setembro de 2015

Cartas da Itália: Como



Non parola orizzontale che sommerge,
ma il bianco dei margini, la pausa che
copre l’assenza tra te e me.


(Elisa biagini, in Da una crepe)


flores antes da montanha, por Sergia A.


Como, 24/09/2015


Querida L.


Alguns dias nos separam e já sinto enormemente a tua falta. Vejo-te em cada janela florida dos casarões medievais que estreitam as ruas desta cidade. Ou, nos Pinocchios que atraem meu olhar para as vitrines das pequenas lojas. Ou, ainda, nas meninas de cabelos pretos, de corte reto desalinhado pelo vento, velozes em suas bicicletas seguindo suas mamas/papas. Mas o tempo também é veloz. Logo, logo estaremos de mãos dados percorrendo livrarias. Agora é cumprir cada passo da jornada que nos distancia.

Pinocchio na janela, por Sergia A.

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Da terra e do mar


Aos 
pescadores de Ali Hoca


Sou, mas não tenho que ser
filha da minha época

(Wislawa Szymborska in Elogio dos sonhos
trad. Regina Przybycien, poemas p.48)




o brilho do mar, por Sergia A.


porque julgou o mar 
gerar a vida
e sobre a fertilidade da terra 
vê-la edificada
à distância 
não a percebe mutilada.

do ventre agonizante
nega-se a acolher as sobras

em pequeno frasco
arrastado pelas ondas
sua voz propaga.

porque julga o mar 
gerar vida, em nova escala.