Essa cidade que não se elimina da cabeça é como uma armadura ou
um retículo em cujos espaços cada um pode colocar as coisas que
deseja recordar: nomes de homens ilustres, virtudes, números,
classificações vegetais e minerais, datas de batalhas,
constelações, partes do discurso. Entre cada noção e cada ponto
do itinerário pode-se estabelecer uma relação de afinidades ou
de contrastes que sirva de evocação à memória.
(personagem de Italo Calvino, in Cidades Invisíveis - trad. Diogo Mainardi)
o rio, por Sergia A.
Verona, 30/09/2015
Querida L.
Alugamos um pequeno apartamento para sentir os ares desta cidade por uns dias. Como em toda escolha, experimentamos o lado bom e o ruim. Carregar malas escadas acima foi a má surpresa da chegada: prédio sem elevador, mama mia! Por outro lado estamos, praticamente, às margens do Adige com duas belas pontes à nossa disposição para alcançar o centro histórico. Na primeira travessia recebi a graça de ser saudada por essa luz, que a câmera ligeira do iPhone tenta captar.
o amor, por Sergia A.
Como na cidade descrita por Marco Polo de Calvino, por aqui também cada um escolhe que relações estabelecerá entre espaço e memória. Muitos apostam no nome de Shakespeare, disputas de poder entre familias, amores belos por serem impossíveis para marcar a lembrança de sua passagem. Deixam seus registros no portal de acesso à residencia da familia cuja lenda inspirou o bardo. Para esses a 'Casa de Julieta' é parada obrigatória. Outros, sua história milenar, invasões, reconstruções, e as formas encontradas nos resquícios da arquitetura romana que a cidade preserva na grande arena e em seus subterrâneos.