domingo, 25 de janeiro de 2015

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Um lugar melhor para você e para mim


Nenhuma palavra
alcança o mundo, eu sei
Ainda assim,
escrevo

(Mia Couto in Poema da despedida)



conhecimento sem cor, por Sergia A.


Era só um menino vendo de perto as insensibilidades do mundo. Há dois anos essa frase me persegue. Para me livrar, dei ao sujeito outro gênero e a usei em outro texto. No entanto, ela (a frase) voltou. Insistente. Encorpada por sua razão primeira. Talvez, porque hoje há um clamor no mundo pela morte brutal de dezessete franceses. Talvez, porque há alguns sussurros sobre a mesma barbárie que abateu mais de dois mil nigerianos. Talvez, porque a distância entre o clamor e o sussurro nos leve de volta ao menino, vítima de outra face da mesma história.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Resíduos do dia de reis


Prostrando-se, adoraram-no;
e, abrindo os cofres, ofereceram-lhe
presentes: ouro, incenso e mirra.

(Mateus 2,1-12)


jardim suspenso, por Sergia A.


Ali, no meio do shopping, ela assiste a correria. Catatônica. Sacolas e sapatos atropelando seus pés estendidos, propositalmente, à frente do banco. Como se alguém pudesse reparar no seu gesto. Cansada, volta para casa. Nada nas mãos. Todo o peso sobre os ombros. Escuto sua voz afogada pela correnteza do tempo. Tudo fica para a última hora. Tudo segue uma lista sem nexo. O impulso alimentado pela pressa. Pior que a pressa, a obrigação de presentear em data fixada. Pior que a obrigação, a necessidade de garantir a troca.