sexta-feira, 29 de novembro de 2013

A distância é azul


Chacun pour soi est reparti
Dans l'tourbillon de la vie
(Cyrus Bassiak, in Le turbillon) 


Aura azul, por Sergia A.

Por ocasião do meu aniversário, recebi mensagens dos mais diversos lugares. Benditas sejam as redes sociais! Além de reaproximar pessoas ainda lhes refrescam a memória (um lembrete de aniversário no Facebook é tudo, convenhamos). E mesmo conscientes disso, ficamos felizes ao receber os cumprimentos. Bom, mas tudo isso é pra dizer que a palavra que me traz hoje aqui veio daí: reaproximação. Ela ficou latejando no meu cérebro, e aí para acalmá-lo me salvam alguns recursos como uma página em branco, por exemplo.

Reaproximar. Tornar próximo novamente. As circunstâncias da vida, ou Le turbillion de la vie, como na canção de Serge Rezvani ou Cyrus Bassiak imortalizada por Jeanne Moreau no filme Jules at Jim de François Truffaut (1962), aproximam pessoas em determinados momentos de suas vidas e as afastam, de repente, sem a menor cerimônia. Mas, eis que surge o mágico poder da tecnologia. E já não importa quantos quilômetros nos separam. Estamos a uma tela do outro. Ficamos mais próximos? Ou não passamos de estranhos tentando parecer amáveis e generosos? Ou, será que apenas alimentamos ferramentas que nos ajudam a tirar proveito da distância física que tudo envolve em uma aura azul?

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Das razões para agradecer


And I can never be thankful
enough to you and to Fate for (...)

(Peter Pears, em carta a Benjamin Britten em 21/Nov/1974) 







Caminhos de água, por Sergia A.
 
Por umas dessas conspirações que o universo adora me proporcionar abro, neste vinte e um de novembro, a pagina 95 do programa do Opera North Festival of Britten (do qual tive a graça de ver a ópera Peter Grimes no último dia nove) e leio cartas trocadas entre Britten e Pears (o compositor e o co-autor da sinopse do libreto, antes da formatação por Montagu Slater). As cartas são escritas após trinta e cinco anos de relacionamento. O tom é de reconhecimento das razões para o agradecimento. Confiro a data. Penso: é um sinal.

sábado, 16 de novembro de 2013

Janela para o Sul


love's function is to fabricate unknownness

(e.e. cummings, in Selected Poems p. 44)



A visita do sol, por Sergia A.


Não escuto o seu cantar. A sede de chuva já não movimenta meus passos. Um sol distante passa apressado diante do vidro da janela. Seus raios me atingem e não me aquecem. Acariciam minha pele e não a queimam. Sua luz alcança meus olhos e não os encandeia. Seu tempo reduzido se estende impreciso sobre o pequeno arco avistado por minha janela. Nascente e poente acenando para mim na mesma janela.

domingo, 10 de novembro de 2013

Efêmero


E um mês se foi sem que minhas palavras pousassem por aqui. Isso não significa que estamos afastadas. Nunca! Elas são meu alimento. Não vivo sem elas. No entanto, as vezes, sou tao absorvida pelo silencio que, em respeito a ele, elas se tornam inconfessaveis.

Bom, mas aqui estou...  levada pelo vento para uma nova estacão. Não resisto aos apelos da natureza:



As folhas, por Sergia  A.


Amarela o verde
vermelhando despedidas:
cor de já não ser.