quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

A soma das manhãs


Sopro morno, por Sergia A.


Para marias e franciscas                 

Com quantas manhãs se faz um despertar?
O gesto simples de descerrar olhos sonolentos e dizer – estou viva
Despertar automático, inocente nos campos da infância
Limão e fogo de lenha perfumando o sol das manhãs
Feijão, arroz e afeto em esteiras de casa de avós.

Com quantas manhãs se faz um despertar?
O gesto nobre de descortinar letras preguiçosas, sem escola
Despertar para o não, negação do direito ao saber – sou mulher
Honrar pai e mãe, mandamentos divinos, convenientes
Espelhos, laços de fita e sentimentos comedidos.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Das tormentas e calmaria


The Shakespeare's shipwreck trilogy
Royal Shakespeare Company
Fonte: http://www.worldshakespearefestival.org.uk/





And, like the baseless fabric of this vision,
The cloud-capp’d towers, the gorgeous palaces,
The solemn temples, the great globe itself,
Yea, all which it inherit, shall dissolve,
And like this insubstantial pageant faded,
Leave not a rack behind. We are such stuff
As dream are made on; and our little life
Is rounded with a sleep. (...)

 
(fala da personagem Prospero de W.Shakespeare in The Tempest, Act Four Scene I) * 


Só queria o cantar das ondas para esquecer por alguns dias as obrigações. Minha mente merecia uma pausa para revitalização. E tudo que ouvi das pessoas nesses dias foram planos e metas para o ano novo. Tudo medido, negociado, dividido em parcelas a vencer. Então, de repente, me baixa aquele santo provocador e me faz lembrar que as melhores coisas da minha vida aconteceram completamente por acaso. Ou será que não?

O engraçado é que tenho certo gosto por planejamento, devo confessar. Aliás, não sei se realmente gosto ou se meu gosto foi moldado pra isso ao longo dos anos. Apesar dos jeans desbotados e dos cabelos em desalinho não quebrei regras importantes na adolescência. Curto até hoje uma saudade do que poderia ter sido. Aos dezoito anos o projeto de vida estava desenhado. Apagou-se em um sopro. Por um curto tempo vivi um sonho coletivo. Entre tormentas, o que chamam realidade me abriu espaço para calmarias.  

domingo, 6 de janeiro de 2013

Silêncio mútuo




Paralelas sobre fundo azul, por  Sergia A.


Há no azul azuis
em linhas de um canto mudo

redizendo a luz.