domingo, 27 de maio de 2012

Sem remorsos ou indecisões



Janela para as nuvens,  por Sergia A.


Virgínia me acordou cedo.
Havia um vazio no quarto amanhecendo. Minha janela para o Leste não se rende à sisudez de cortinas ou persianas, e insiste em dar passagem a uma fresta de luz enrubescida. Não quero despertar. É domingo, meu sono tem direito a algumas voltas do ponteiro. Desisto. Estendo a mão e abro um livro de cabeceira. Um diário a me provocar... O ano é 1930:

quinta-feira, 24 de maio de 2012

sábado, 19 de maio de 2012

Círculo Ardente



Les uns et les autres, por Claude Lelouch (1981)
Fonte: YouTube


A alma ativa e obcecada
enrola-se infinitamente numa espiral de desejo
e melancolia
Infinita, infinitamente...
As mãos não tocam jamais o aéreo objeto
esquiva ondulação evanescente
Os olhos, magnetizados, escutam
e no círculo ardente nossa vida para sempre está presa
está presa...
Os tambores abafam a morte do Imperador.[1]




Como muitas pessoas nascidas do lado de baixo do Equador, posso dizer que conheci Bolero de Ravel pelo cinema nos anos 1980. Não vi o filme Les uns et les autres, direção e roteiro de Claude Lelouch (Retratos da Vida, na tradução brasileira) em salas de cinema, claro, eu moro em Teresina. Mas alguns anos depois tivemos o boom dos vídeo cassetes (bendita tecnologia, eu vivo para bendizê-la). Sabe aqueles de quatro cabeças comprados na Zona Franca de Manaus? Pois é, tive a felicidade de ter um. Talvez ao mesmo tempo em que a maternidade me despertava o interesse pela arte da dança. Bom, mas o certo é que a arte de outro Maurice, deixou em mim as marcas da música já associada à dança. Agora, tantos anos depois me chega, em uma sala de aula, a oportunidade de ler o Bolero de Drummond de uma forma nova. De arrepiar, pensei...

domingo, 13 de maio de 2012

Falando de Flores no dia das Mães



Varanda, por Sergia A.


Às vezes, nessas ocasiões, me pego pensando sobre esse endeusamento do papel de mãe e junto com ele o bombardeio de estímulos ao consumo para movimentar a economia. Pior que isso são as mensagens subliminares, como que a condenar as mulheres que ousam dizer não à maternidade, negando o suposto instinto maternal. Sem dúvidas gerar vidas tem raízes no sagrado. Talvez por isso o amor materno seja uma exigência. E ai de quem se negar a vivê-lo.

Na contramão, penso nesse instante nas mulheres que por livre escolha ou por motivos diversos abdicam da maternidade, e se dedicam a dar à luz outros projetos. Penso também na culpa que sentimos quando tentamos conciliar dois caminhos. É possível ser essa mãe maravilhosa, ou não sentir culpa por não ser? Tenho cá as minhas dúvidas. Como seres fragmentados do nosso tempo, temos dentro de nós o duplo sentimento: de um lado o encantamento, amor incondicional e prazer em cuidar dos filhos e de outro o sentimento abafado de que limitamos a nossa vida por causa deles.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Fantasia



A dois ou Mergulho no Infinito,  por Sergia A.


Buscam o argumento
das fronteiras diluídas,
nas frestas do tempo.

domingo, 6 de maio de 2012

Ganhando nova vida

Já se foram noves meses. 

Where Books Come to Life,  por Anderson M Studio
Fonte: YouTube

Tenho dedicado boa parte do meu tempo, neste primeiro ano da segunda parte, a estudar a relação entre as artes, e mais especificamente entre Literatura e Cinema. Não me acho, ainda, capaz de publicar nada sério sobre isso. Mas, de vez em quando, alguma coisa me provoca e não consigo conter as palavras e seus delírios. Alucinadas elas me atormentam até encontrarem uma página em branco para deleitarem-se. É o paraíso. É assim que se movimenta esse blog. Aliás, existe algo mais ilusoriamente democrático do que um blog? Eu publico, ninguém me dá nota e ainda corro o risco de alguém gostar dos meus argumentos. É verdade que, como diz Jaron Lenier, minha produção contribui com um grãozinho a mais nos papos de alguns jovens milionários, e nada para mim é claro, já que prazer não se conta em moedas. Mas a opção é livremente minha. Então vamos ao que interessa...