sábado, 24 de março de 2012

AntiTempestade



 Janela para o amanhecer,  por Sergia A.


Em risco ele nasce,
Entre nuvens e antenas
Encontra um disfarce.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Se eu lesse mais romances russos


The Kids Are All Right,  por Lisa Cholodenko, 2010
Fonte: YouTube

Um dia desses vendo um filme despretensioso, escutei no meio de uma cena de discussão de relação essa pérola que hoje dá título e inspira os meus delírios. No contexto, a frase parecia surgir para garantir o tom de comédia em meio a uma situação dramática, ou no mínimo como um discurso irônico da diretora/roteirista se intrometendo na fala das personagens. Mas, o certo é que me chamou a atenção e me fez pensar até que ponto a arte, e em especial a literatura, direciona nosso olhar para o que não vemos na superfície.

domingo, 18 de março de 2012

Café de Domingo II


Bandeja para domingos,   por Sergia A.



Em boa companhia
nas manhãs, café tem cores
e cheiro de tia.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Rabiscos e Fragmentos


Virginia,  por Sergia A.

Há alguns anos enfrentei o inverno do Sul para acompanhar uma aspirante a bailarina durante o famoso festival de dança de Joinville. Minha pupila tinha agenda lotada entre cursos, treinamentos e espetáculos. Na minha só os espetáculos noturnos, aliás de encher os olhos e deixar a alma leve. Em uma tarde decidi encarar o frio caminhando pelas ruas, praças e shoppings. Andando à toa dei de cara com uma livraria enorme. Entrei para tomar um café e fazer uma das minhas atividades favoritas: passar um tempo entre livros. Descobri algumas estantes de literatura de língua inglesa, uma delas com publicações mais velhas em promoção. Fiquei enlouquecida. O vendedor, pressentindo uma boa venda, educadamente me ofereceu um banquinho, e ali sentada eu corri mundos até que o relógio anunciou a hora de levar minha pequena bailarina para jantar.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Vazio


A Noite,    por Sergia A.


Na noite imensa
Tudo em volta adormece
Menos tua ausência.

terça-feira, 6 de março de 2012

Do Laboratório: Gotas Cristalinas


E já se foi o sétimo mês do primeiro ano da segunda parte. Tempo de recomeço, quando sentimentos se misturam enquanto as experiências continuam fervilhando no laboratório ou na lembrança.



E Deus falou para Noé e seus filhos com ele, dizendo:
"...Este será o sinal da aliança que estou fazendo entre mim e vós
e todo ser vivente que está convosco, por todas as gerações.
"Meu arco-íris pus na nuvem ... Quando o arco-íris puder ser visto nas nuvens,
vou lembrar minha aliança ...
Nunca mais as águas se tornarão em dilúvio para destruir toda carne. "
(Gênesis 9:8-15)




Janela para o arco-íris,  por Sergia A.



De vez em quando um arco-íris invade minha janela. Nessas ocasiões faço questão de esquecer o fenômeno físico da refração da luz. Gosto de pensá-los como sinais. Pura bobagem de quem ainda se dá ao luxo de olhar para o céu. Desta vez o seu espectro colorido me transportou pelos labirintos da primeira parte. Sinais?

Quando suas portas se abriram para mim, vivíamos ainda um tempo nebuloso. Sob o comando de um General que preferia o cheiro de cavalo ao cheiro do povo, a ditadura agonizava propondo uma abertura lenta e gradual. Beneficiados pela lei de anistia os exilados estavam de volta levando às universidades, aos sindicatos e às ruas o toque de despertar. Timidamente voltávamos a ter o direito ao sonho democrático. O Banco como produto dessa sociedade reproduzia esse mundo conflituoso, de normas rígidas e pessoas dispostas a transgredi-las. Entretanto, as transformações seguiam os passos lentos e graduais da cavalaria que ainda dispunha de mãos de ferro. Manter-se vivo, depois do dilúvio, significava fazer alianças.