sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Réveillon


Amanhecer em Holmes Chapel-UK, por Francisca Bentley



Rubro o dia avança,
Abre frestas nos telhados
Renovando a dança.


terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Entre Dois Mundos



Stranger than Fiction (2006),  por Marc Forster
Fonte: YouTube

“Beijos escritos não chegam ao seu destino,
os fantasmas os bebem pelo caminho”
[1]


Última semana de 2011. Teresina adormece sob os trinta e cinco graus de temperatura enquanto suas ruas se esvaziam. Seus habitantes estão ávidos por mar, pela abençoada brisa do mar, pelo poder relaxante do cantar de suas ondas vencidas em sete pulos, pelas promessas de amor em barras rubras amanhecido. De longe escuto o rumor de seus passos. Pela primeira vez em muitos anos não sentirei sua água morna acordando mais um ano, mas posso sentir seu cheiro se fechar os olhos, ou participar de eventos pelo mundo se ligar meus brinquedos tecnológicos e me contentar com o não real, com a ficção da qual posso ser personagem ou autor.

No correr dos nossos dias, há momentos em que já não sei onde está a intensidade da vida. Se no mundo real ou no virtual, se o virtual é uma representação do real ou se o contrário é que é verdade. Se o que me dizem as mensagens eletrônicas prolixas em seu espaço reduzido, e sem olho no olho, é mais verdadeiro do que a concisão dos gestos comedidos entre palavras secas e olhares apressados.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Instantes de Infinito


Uma luz,  por Sergia A.

Mais um ano chega ao fim. Não há como viver esse tempo sem repensar a vida. O que fazemos dela a cada dia, como pretendemos vivê-la no novo ciclo. O que precisa ser acrescentado, o que precisa ser descartado ou até, quem sabe, o que precisamos simplesmente deixar fluir pois não temos o controle sobre tudo.

A arte, e a poesia em particular, tem o poder de nos salvar nesses momentos. Por isso busco nas palavras de Da Costa e Silva, um poeta Piauiense como eu, uma forma de desejar aos que navegam em busca de palavras delirantes, que em 2012 se realizem seus instantes de infinito, que a semente de seus sonhos seja atirada ao mundo, e que as asas de seus pensamentos rocem o céu.
  
Sob o Ritmo do Tempo

A areia, grão a grão, escoa na ampulheta...
Sob o ritmo do tempo, em silêncio medito:
Ai de quem, a sofrer, passou pelo planeta
Sem realizar o seu instante de infinito!

A água cai, gota a gota, a oscilar na clepsidra...
Atento ao seu rumor, penso inquieto e tristonho:
Ai de quem não arou com pranto a terra anidra,
Para atirar ao mundo a semente de um sonho!

A sombra leve azula a pedra do quadrante...
Cismo, absorto, a seguir-lhe o tardo movimento:
Ai de quem, a viver como uma sombra errante,
Não roçou pelo céu a asa de um pensamento!


E que este espaço continue sendo nosso local de encontro!       

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Alma Gêmea


Dois lados de mim,  por Sergia A.


Um: escuro inverno
Outro: luminoso verão
Entre: um sopro terno


sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

O Chocolate Encontra Adélia


Pura Sedução,  por Sergia A.


 Nenhum pecado desertou de mim
Ainda assim eu devo estar nimbada,
porque um amor me expande.
Como quando na infância
eu contava até cinco para enxotar fantasmas,
beijo por cinco vezes minha mão.
Este é o meu corpo,
corpo que me foi dado
para Deus saciar sua natureza onívora.
Tomai e comei sem medo,
na fímbria do amor mais tosco
meu pobre corpo
é feito corpo de Deus [1]


Dezembro tem cheiro de encontro. São tantas as fragrâncias que não cabem em seus dias. Parece que todos esperam esse tempo de obrigação e se apressam por recuperar o não dito em onze longos meses. O mais interessante são as formas criativas encontradas para superar essa nossa dificuldade de dizer o que devia ser dito entre aromas de café da manhã.

Entrando nesse clima, participei essa semana de uma confraternização de mulheres que se dão o direito de perfumar suas palavras não ditas com a doçura do chocolate. Sem culpa. Pura sedução para escapar do automatismo. Puro prazer de estar juntas também em doces momentos que suavizam e religam nossas vidas fragmentadas.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Veia Aberta


Poente além do Vidro,   por Sergia A.


O dia escorre
Na moldura da janela,
Viscoso, sem corte.


terça-feira, 6 de dezembro de 2011

O Lugar mais Underground que eu Conheço não é o Inferno


E lá se foi o quarto mês do primeiro ano da segunda parte. De repente me vem à lembrança pessoas que comigo iniciaram a jornada na primeira parte, mas que a certa altura ousaram tomar rumos diversos.

Fonte: YouTube


Perambulando pela rede certa noite dessas (devo confessar: não vivo sem ela) vi uma referência ao CD Antídoto do Emerson Boy. Latentes na memória, as imagens de uma noite, no mínimo irreverente, se materializaram rapidamente.

O convite para prestigiar o show de um amigo dos tempos da faculdade de engenharia e também dos primeiros anos de Banco, que ousara arriscar o certo pelo incerto correndo o mundo em busca de um sonho, parecia ser uma boa alternativa ao tédio dos restaurantes normalmente freqüentados nos sábados à noite. O programa parecia inspirador para quem desejava jogar pro alto a seriedade sombria de uma semana de trabalho e por algumas horas deliciar-se com conversas sem rumo entrecortadas por lembranças provocadoras de boas risadas. Lembro-me que não entendi a cara de espanto das minhas filhas quando, já de saída, anunciei aonde iria naquela noite. Assustadas com a confirmação, decretaram uma mudança urgente, necessária e radical no visual: jeans preto, blusa preta, prata, muita prata nos dedos, braços e orelhas, era o que pedia o conceito “trash” do lugar.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Advento


Poderosa Fragilidade, por Sergia A.

Abre docemente
Pétalas a descerrar
A luz, de repente